Astarot de maio e sugestões de livro, canção e filme para este mês.
Cuidar, ajustar e agir.
Feliz meio de maio!
Inspirada pelo ingresso de Mercúrio em Touro, decidi fazer tiragens de Tarot coletivas mensalmente, em vez de semanalmente. Mercúrio em Touro convida a um pensamento mais cuidado, a um abrandamento das atividades mentais e intelectuais e a uma comunicação mais lenta e ponderada. Acima de tudo que estas atividades possam, também, ser fonte de prazer. Em Touro, o que é menos é mais e o que é sustentável é valorizado. Assim, estas tiragens também não dão sugestões de reflexão sobre o que já vivemos no início do mês (carta 1), sobre o que estamos a viver neste momento (carta 2) e como integrar estas experiências e avançar para o resto do mês (carta 3). Em relação a cada carta, indico sempre as suas correspondências astrológicas (decanatos), bem como o modo e elemento dos signos a que correspondem.
Vou tentar abraçar esta postura taurina, até para ter mais tempo para me dedicar às leituras de Tarot e Astarot individuais (que também podem ser subscrições, com valores mais acessíveis). Já agora, obrigada a todas as pessoas que têm marcado leituras comigo! Maio foi o mês em que abri oficialmente a minha agenda e a vossa adesão tem sido incrível, obrigada! E também a quem se tem inscrito no O Curso de Iniciação ao Tarot – Uso Pessoal e Quotidiano e no Grupo de Estudo e Prática de Tarot: uma comunidade de partilha, estudo, prática e partilha contínua para todos os níveis. Podem inscrever-se no Curso até ao dia 8 de junho e no Grupo a qualquer momento, funciona por subscrição mensal (podem subscrever e cancelar sempre que entenderem).
Na verdade, começo a sentir a esperança de que um dia me possa dedicar completamente ao Tarot e Astrologia, o que me enche o coração de alegria. Sem vocês não poderia sonhar com a possibilidade de um futuro com que, finalmente, me identifico e pelo qual anseio com entusiasmo. Será que “dog days are over and I’m hearing the horses coming?” Estou a fazer por isso, obrigada pelo vosso apoio!
Aproveito, então, antes de avançar, para deixar esta nota:
Eu ofereço estes artigos como forma de familiarização com os trânsitos astrológicos e as cartas do Tarot. Mas não deixam de ser interpretações gerais, para o coletivo. Por isso, não é possível determinar o impacto individual e ganham contornos mais abstratos.
Se quiserem compreender estas questões a um nível pessoal marquem uma consulta de TAROT ou de ASTAROT, comigo. Saibam mais neste link.
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Sobre os trânsitos astrológicos de maio, podem ler aqui:
Tiragem de Maio
6 de Pentáculos
4 de Cálices
9 de Espadas
Baralho: Movie Tarot, Natalie Foss and Diana McMahon Collis
Este mês temos 2 cartas de Lua e uma de Marte; Temos 3 elementos: Terra, Água e Ar; e 3 modos: Fixo, Móvel e Duplo. O que é que nos falta este mês? Fogo, se bem que aquele Marte vem temperar a frieza e húmidade da Lua com uma pitada do seu temperamento colérico. O início e meio do mês parecem ser uma preparação para a agitação do final de Maio.
6 de Pentáculos
Lua em Touro | Terra Fixa
Maio começou com partilha e cuidado. O que é que demos e o que é que recebemos? Como é fomos capazes de cuidar de nós e das outras pessoas? Fomos capazes de acolher o cuidado que as outras pessoas nos ofereceram? Como vivemos as dinâmicas entre relações, corpo e os recursos na nossa procura por equilíbrio e estabilidade no nosso dia-a-dia? Como gerimos os nossos recursos (tempo, dinheiro, comida, energia, bem-estar…)? São questões que poderão ter marcado as primeiras semanas do mês.
A carta 6 de Pentáculos fala-nos de redistribuição e de partilha, seja de recursos materiais ou afetivos, com pragmatismo e consciência. Há uma relação entre a interioridade, a realide sensível, e a exterioridade, a realidade material, nesta carta. Já falámos de flutuações, esta é uma carta que nos fala de oscilações: o que protegemos, o que plantamos e o que colhemos. Por vezes, o resultado deste ciclo beneficia uma coisa ou outra, uma pessoa ou outra, uma situação ou outra. O importante é manter o fluxo para que a distribuição da colheita (Terra) seja justa, equalitária e sustentável (Fixa).
Astrologicamente, a Lua em Touro é um posicionamento especialmente agradável. A Lua encontra neste signo a sua exaltação, o que significa que qualidades como a recetividade, a expressão emocional e intuitiva, a inspiração artística, a segurança, a nutrição e o instinto se manifestam de forma mais intensa e visível. Ainda assim, por ser a Lua, tudo isso também está sujeito a flutuações e ciclos. Neste momento, o Sol também transita por Touro, o que amplifica ainda mais essa consciência da matéria, do corpo, dos sentidos e da relação com o que é concreto e material.
Se calhar, no início do mês sentimos uma necessidade de cuidar e nutrir o nosso lado mais material e físico. De cuidar de nós e/ou das pessoas que nos rodeiam, seja nos nossos ambientes mais privados (o nosso lar, a nossa corporidade, os nossos recursos) ou mais públicos (trabalho, hobbies, amizades, prazeres…) . Talvez tenha sido um início de mês em que fomo mais capazes de trazer um pouco de flexibilidade e adaptabilidade a áreas ou situações mais rígidas da nossa vida e assim viver ou proporcionar ambientes mais equalitários e equilibrados.
No dia 10 de maio, Mercúrio, planeta da comunicação, pensamento e trocas, ingressou em Touro e o nosso foco pode ter começado a dirigir-se para estas questões venusianas de bem-estar, relações harmoniosas, prazer nas nossas ações e atividades, reconhecimento, sustentabilidade e segurança. O 6 de Pentáculos fala-nos, precisamente de uma abordagem mais sensível e cuidada na forma como comunicamos e nos relacionamos, tal como Mercúrio em Touro, o que também se pode traduzir em atitudes mais solidárias e generosas. O equilíbrio entre a Lua e a Terra, entre dar e receber, cuidar e ser cuidade. Poderemos ter sido apoio, ou termos sido auxiliades. Talvez tenhamos encontrado alguma estrutura que nos permita viver de forma mais harmoniosa, ou que nos permita sermos distribuidores de harmonia.
4 de Cálices
Lua em Caranguejo | Água Móvel
A meio do mês, há um mergulho para a interioridade. Pode sugerir apatia, contemplação ou necessidade de pausa. Este pode ser uma momento propício para cuidar do nosso espaço pessoal e emocional e estabelecer limites e rever fronteiras emocionais.
No dia 12 de Maio tivemos uma oposição da Lua em Escorpião ao Sol em Touro. Na Newsletter sobre a Astrologia de maio, eu disse acerca desta lunação:
“Nesta lunação, há tensão entre o fluidez lunar e a fixidez escorpiónica. A sensibilidade emocional que a Lua procura expressar é filtrada por um território onde o controlo, a contenção e a intensidade ganham terreno. Escorpião É um signo que reage com reserva e de forma estratégica. Regido por Marte, Escorpião ganha arrojo, impetuosidade e assertividade. Esta Lua Cheia aplica-se a um trígono a Saturno em Peixes. A estabilidade emocional ganha consistência através de uma ligação sensível mas resiliente. A expressão dos afetos tende a ser estruturada, contida e, atém, austera. (…) A nível pessoal, esta Lua Cheia convida a um confronto com zonas mais profundas da vida emocional. (…) Esta Lua Cheia reflete emoções contidas, profundas e estruturadas que se encaminham para experiências mais exteriorizadas e apaixonadas. Um culminar de vontades que se querem preservar e iniciar. O amadurecimento de emoções que trazem a lume desejos apaixonados.”
E é sobre esta experiência profundo do mundo sensível, das emoções e das vulnerabilidades, vividas com uma certa dose de estabilidade e resiliência que este 4 de Cálice nos fala. De um mergulho profundo em direção em direção ao interior, provavelmente possível devido ao cuidado que dedicámos ao que nos sustenta e estabilza, com a carta anterior. O 4 de Cálices, representa, então, esse momento em que nos sentimos confortáveis e segures (Lua) para compreendermos o que significa segurança emocional (Caranguejo). Curiosamente, a Lua também está aqui muito dignificada, encontra-se em domicílio em Caranguejo e torna-se capaz de expressar de forma mais afirmativa a sua capacidade de construir conforto e segurança emocional. Estamos no domínio da Água Móvel, ou seja de uma postura dinâmica perante as emoções e a interioridade. Embora o 4 de Cálices sugira, aparentemente, uma postura mais passiva, na verdade, é esse recolhimento que permite a conexão com o nosso lado aquático e que possibilita a definição de estratégias e de ações que nos protejam.
Tal como num caranguejo, há como uma carapaça que permite, tanto enfrentar como fecharmo-nos ao mundo exterior, de forma a que o interior mais sensível se mantenha em segurança. É o fechar as pálpebras (um limite para aquilo com que podemos, somo capazes de lidar neste momento) que dá início a um recolhimento instrospetivo. Uma forma de nos protegermos dos nossos medos e ansiedades e de criarmos condições para estabelecermos os limites necessários para voltarmos a defender a nossa estabilidade emocional quando sentirmos que ela pode ser posta em causa.
Contemplação, pausa, e saber dizer não, são palavras-chave neste meio do mês. O que vem mesmo a calhar porque no domingo é dia de eleições e o discernimento e a segurança emocionais são fundamentais para fazermos escolhas em consciência e de forma alinhada com os valores que garantam a estabilidade e sustentabilidade dos nossos valores e que contemplem não apenas visão a nível individual, mas coletiva (Lua). E neste dia Mercúrio em Touro faz uma quadratura a Marte em Leão, então este alicerce emocional, do domínio da Água pode ser muito útil a conferir flexibilidade ao conservadorismo de Touro e humidade (empatia, recetividade) a ao fogo exacerbado e fixo de Marte em Leão.
Esta é uma oportunidade para encontrarmos recursos interiores que moderem a rigidez e a agressividade em ações e expressões pessoais e/ou coletivas. O 4 de Cálices inspira-nos a parar, respirar fundo e a resistir.
9 de Espadas
Marte em Gémeos | Ar Duplo
No final do mês a mente torna-se mais dinâmica e o risco é que o dinamismo dê lugar a ansiedades. É uma boa altura para manter os cuidados físicos, materiais e emocionais sugeridos pelas cartas anteriores, talvez através de atividades mais intelectualmente estimulantes: escrita, diálogo, caminhadas pela vizinhança… de forma atenta para que possamos reagir aos primeiros sinais de sobrecarga de informação ou de estímulos.
O 9 de Espadas surge como carta final de um ciclo marcado pela energia marcial após uma lunação regida por Marte, com a Lua Cheia em Escorpião. Esta carta, tradicionalmente associada a Marte, planeta da ação, da determinação e do impulso, antecipa também a qualidade intelectual e inquieta do signo de Gémeos, onde o Sol ingressa a 20 de maio.
A imagem do 9 de Espadas revela a acutilância de Marte na esfera mental: nove lâminas apontadas para um olho, simbolizando a intensidade com que pensamentos e informações (Mercúrio) são processados (Espadas). Não estão cravadas, mas criam uma espécie de moldura que configura uma visão de túnel e que tanto pode ser útil como limitadora. Por um lado, promove o foco e o discernimento, lembrando o poder das palavras e da mente. Por outro, pode condicionar a perceção, estreitando o campo de visão e alimentando inquietações ou medos. Como carta associada a um signo duplo, o 9 de Espadas também sugere um momento de transição: o despertar gradual de um estado de apatia ou estagnação (como o 4 de Copas) e o início de uma adaptação à nova realidade. Trata-se de um processo delicado, que exige atenção e clareza mental, pois qualquer passo em falso pode ser arriscado (Marte e, convenhamos, ter 9 espadas junto a um olho é uma situação bastante arriscada!). Há aqui uma metáfora para a coragem necessária diante de mudanças e para o papel do pensamento claro na travessia de situações incertas.
É como um acordar lento e cuidadoso para que possamos seguir para dinâmicas sociais e mentais em segurança, como a postura de Sol em Gémeos e seguintes trânsitos que acontecerão até ao final do mês: o ingresso de Mercúrio em Gémeos (26 de maio), que marca um período de maior dinamismo e agilidade na comunicação e sociabilização; a Lua Nova a 27 de maio e o cazimi de Mercúrio a 30, que intensificam a clareza mental e a capacidade de expressão autêntica, novas aprendizagens e conexões. A mente ganha leveza e velocidade, favorecendo conexões rápidas, capacidade de adaptação e raciocínio versátil. Contudo, este dinamismo traz também riscos de dispersão e superficialidade. O desafio é manter a clareza e a profundidade sem perder a fluidez.
Esta carta convida à identificação das causas do desconforto e das preocupações, para que estas não se repitam. O 9 de Espadas não é apenas uma imagem de angústia: é, sobretudo, o limiar de uma libertação. O início de uma nova etapa, onde a mente, agora mais clara e fortalecida, pode abrir caminho para a leveza e a conexão que Gémeos propõe.
A tiragem de maio oferece-nos uma narrativa de transição de um foco do lado emocional para um mental marcada por profundidade, introspeção e, gradualmente, por um despertar mais racional e comunicativo. Com cartas regidas pela Lua (6 de Pentáculos e 4 de Cálices) e uma por Marte (9 de Espadas), com o predomínio do elemento Água (Cálices) e uma ausência notável de Fogo (Paus), mitigada apenas pela presença simbólica de Marte, que confere alguma iniciativa e urgência emocional às experiências deste mês. Esta combinação traduz-se numa energia mais recetiva e sensível, onde o movimento acontece de dentro para fora e com alguma flutuação, ou variação a nível das emoções e pensamentos.
Os modos sucedem-se de forma significativa: Fixo (Touro) para Móvel (Caranguejo) e, por fim, Duplo (Gémeos), revelando uma cadência simbólica: desacelerar, acordar e adaptar. Começamos com a estabilidade e o cuidado da Terra Fixa (6 de Pentáculos), passamos pelo recolhimento protetor da Água Móvel (4 de Cálices) para chegarmos à inquietação/alerta mental do Ar Duplo (9 de Espadas).
Este ciclo reflete um processo de integração emocional seguido por reestruturação mental e preparação para novas dinâmicas, embora a ausência de Fogo possa apontar para uma possível falta de entusiasmo ou de energia (algo que, honestamente, tenho começado a sentir e pessoas com quem tenho falado, também). O destaque do elemento Água aponta para um mês dominado por sentimentos, introspeção e interioridade, enquanto que a finalização do mês com o elemento Ar (9 de Espadas, Mercúrio e Sol em Gémeos) aponta para um movimento crescente em direção à expressão, ao diálogo e à reorganização do pensamento. Num mês onde a ação pode parecer suspensa, é através da objetividade, do pensamento e da comunicação que se prepara terreno fértil para os próximos passos. Para isso, é importante nutrir o corpo, proteger as emoções e acalmar a mente.
Sugestões
Livro:
The Waves, de Virginia Woolf (1931)
Um romance profundamente introspetivo que lida com a experiência interior, o tempo e a identidade através de múltiplas vozes e pontos de vista. Reflete bem a oscilação entre a interioridade (Lua), a mutabilidade emocional (Água Móvel) e análise racional (Espadas).
Canção:
“Dar e Receber”, de António Variações
Uma canção que celebra a troca genuína, a solidariedade e a conexão humana com delicadeza e sensibilidade. Reflete a dinâmica do cuidado físico e emocional (Terra e Água), a generosidade no dar e receber (6 de Pentáculos) e a importância da escuta ativa e do equilíbrio nas relações.
Filme:
Ghost World, de Terry Zwigoff (2001)
Um retrato melancólico da adolescência que capta a alienação emocional, a desconexão social e o desencanto com o mundo adulto. Reflete bem a tensão entre o recolhimento interior (Lua), a necessidade de vínculo e proteção emocional (Água Móvel) e a análise crítica da realidade (Espadas).
Bom resto de maio!
SØPHIA (Sandra)
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